Leishmaniose: a doença letal transmitida por mosquito que afeta cães e humanos

* Por Dr. Mauro V. Barzotto – Médico Veterinário – CRMV-SC 2281

A Leishmaniose Visceral é uma doença grave, até letal, e que afeta tanto cães como humanos. Mas a boa notícia é que podemos preveni-la.

Essa doença é causada por um protozoário chamado Leishmania chagasi que infecta cães em áreas urbanas, e também gambás e raposas, em áreas silvestres.

   A transmissão da leishmaniose se dá pela picada de um inseto do gênero Lutzomyia popularmente chamado de mosquito-palha, que coloca seus ovos em matéria orgânica em decomposição. Por isso, locais com fezes de animais, cascas ou restos de plantas e lixo orgânico (lixo não reciclável), por exemplo, podem ser favoráveis para a ocorrência desse inseto.

  Isso quer dizer que o cão não é o culpado, pois ele não é transmissor e, sim, apenas o maior reservatório da doença. Em geral, o mosquito pica o animal infectado e, posteriormente, pica outro cachorro e humanos, transmitindo a doença.

  Assim como nos seres humanos, o tratamento em cães não cura definitivamente a doença, pois não elimina o parasita do organismo, no entanto, trata os sintomas. Ainda assim, ao optar pelo tratamento do animal, o uso da coleira repelente é fundamental para evitar novas contaminações.

  A Leishmaniose é um problema que afeta diversas cidades do Brasil. Em Florianópolis há registros desde 2010. 

Quais os principais sintomas e sinais clínicos da doença nos cães?

  Emagrecimento progressivo; Queda de pelos na região dos olhos e orelhas, às vezes, acompanhada de sangramento; Lacrime-jamento e lesões oculares (ceratoconjuntivite); Lesões de pele; Crescimento anormal das unhas; Na fase final, apatia e dificuldade de locomoção.

  O cão ainda pode apresentar nódulos e caroços, que são características típicas dessa enfermidade. Geralmente, eles aparecem porque o sistema de defesa do organismo age contra o ataque da leishmania. Isso acaba aumentando o volume dos gânglios linfáticos – em várias partes do corpo do animal ao mesmo tempo ou de forma localizada.

  O parasita pode prejudicar diversos órgãos internos como rins, fígado, ou mesmo estruturas como o sistema digestivo. Cada lugar agredido trará uma consequência correspon-dente. Entre as mais comuns estão vômito, diarreia, sangramento nas fezes, perda de apetite, desidratação e irregularidade no trato urinário. Quando a medula óssea é atacada, por exemplo, a produção de células sanguíneas diminui. Isso pode gerar anemia e deixá-lo predisposto a novas infecções.

  Apesar da leishmaniose visceral canina apresentar tantos sintomas, há cachorros que não demonstram qualquer sinal de algo errado. É importante saber que a maioria das contaminações é assintomática.

Mosquito-palha é o transmissor da Leishmaniose

Como prevenir a leishmaniose canina?
O principal modo de proteção é evitar que seja picado pelos flebótomos (mosquitopalha), por isso é recomendado utilizar coleiras impregnadas com Deltametrina a 4%. As coleiras devem ser utilizadas em todos os cães, mesmo naqueles que tiverem sido vacinados. É importante ressaltar que o uso das coleiras não pode ser interrompido. Elas devem ser sempre substituídas quando perderem o prazo de validade.

Confira as melhores formas de prevenir e cuidar do seu pet para protegê-lo da doença:

–Limpeza: uma das principais formas de prevenção é evitar a proliferação do mosquito. Como ele gosta de ambientes ricos em matéria orgânica, é importante manter o ambiente onde o seu cachorro vive higienizado.
–Tela de proteção: instalar telas de proteção em casa ajuda a proteger o seu pet, impedindo que o mosquito entre e contamine o cachorro.
–Coleira repelente: a coleira repelente de mosquitos ajuda a afastar o inseto.
–Vacina: outra forma de prevenção da leishmaniose canina é a vacinação. A vacina pode ser tomada por filhotes acima dos 4 meses de idade. É administrada em três doses, com intervalo de 21 dias entre elas, e deve ser repetida todos os anos. Entretanto, é preciso ressaltar que somente os cachorros avaliados como soro negativo (que comprovadamente não apresentam o parasita) podem tomá-la. E embora seja importantíssima para a prevenção e tenha bons resultados, a vacina infelizmente não protege 100%.

Dr. Mauro V. Barzotto é Médico Veterinário na Clínica Veterinária Lagoa
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